RESUMO A técnica de água verde utiliza microalgas na água durante a larvicultura indoor, proporcionando um ambiente mais escuro que favorece o crescimento, bem-estar e saúde dos peixes. Avaliamos o crescimento e a atividade locomotora após exposição à luz de larvas de pirarucu (Arapaima gigas) criadas em água verde ou clara. Em um teste, larvas de pirarucu (3,6 ± 0,3 cm; 0,36 ± 0,1 g) foram criadas em tanques circulares de 50 L (n = 3 por tratamento; 50 larvas por tanque) em sistema estático contendo água verde [microalgas (w3algae; Bernaqua® 10 g m-3) adicionadas] ou água clara (controle). A transição alimentar dos peixes ocorreu por co-alimentação com náuplios de Artemia e microdieta por sete dias até a substituição completa pela microdieta. A biometria das larvas foi avaliada nos dias 10, 17 e 24, para avaliar o crescimento. Um segundo teste avaliou a atividade locomotora das larvas antes e após exposição à luz (1.400 ± 60,47 lx) por 48 horas usando um etograma. Após 24 dias, os peixes criados em água verde pesaram significativamente mais que os da água clara, e apresentaram significativamente menos movimentos circulares de natação. A exposição à luz aumentou o cortisol corporal nos dois grupos depois da exposição à luz. O nível corporal de cortisol aumentou em ambos grupos após exposição à luz. As microalgas forneceram uma fonte adicional de alimento para as larvas, com impacto positivo sobre seu crescimento até o 17º dia de larvicultura. Água verde pode ser uma estratégia para obter melhores resultados na larvicultura de pirarucu, principalmente durante e até 10 dias após o período de co-alimentação.

ABSTRACT The green water technique uses microalgae in the water of indoor larviculture, providing a darker environment to favor fish growth, welfare and health. We evaluated growth performance and locomotor activity after light exposure of pirarucu (Arapaima gigas) larvae reared in green or clear water. During one test, pirarucu larvae (3.6 ± 0.3 cm; 0.36 ± 0.1 g) were reared in 50-L circular tanks (n = 3 per treatment, 50 larvae per tank) in a static system containing green water [microalgae (w3algae; Bernaqua® 10 g m-3) added] or clear water (control). Fish weaning was achieved by co-feeding with Artemia nauplii and microdiets for seven days until full microdiet substitution. Larvae were biometrically evaluated on days 10, 17 and 24 to assess growth performance. In a second test, the locomotor activity of the larvae was analyzed before and after light exposure (1400 ± 60 lx) for 48 h according to an ethogram. After 24 days, the larvae reared in the green water were significantly heavier than those from the clear water, and displayed significantly fewer circular swimming movements. Body cortisol increased in both groups after light exposure. The microalgae provided an additional food source for larvae, with positive impact on growth until day 17 of larviculture. Green water can be a strategy to achieve better results in pirarucu larviculture, especially during and up to 10 days after the co-feeding period.

RESUMO Para algumas espécies de peixe, a suplementação de taurina na dieta tem-se mostrado necessária em dietas com grande utilização de proteínas vegetais em substituição à farinha de peixe. Na natureza, o pirarucu, Arapaima gigas se alimenta de itens animais ricos em taurina, portanto este estudo avaliou o efeito da suplementação de taurina (0; 0,5; 1; 1,5 e 3%) sobre o crescimento e parâmetros fisiológicos sanguíneos de juvenis da espécie. Uma ração comercial foi utilizada como dieta basal para as dietas experimentais. Trezentos peixes (20,8 ± 2,3 g) foram aleatoriamente distribuídos em 15 tanques e alimentados durante 28 dias. Ao final do ensaio, a suplementação de taurina nas dietas não afetou crescimento, consumo de alimento e eficiência alimentar dos peixes. As quantidades iniciais de taurina (0,18%) e metionina (1,13%) da ração comercial (dieta 0% taurina) foram aparentemente suficientes para promover o crescimento adequado do pirarucu sem alteração dos principais parâmetros fisiológicos do sangue. Futuros estudos que avaliem se a taurina é condicionalmente essencial para pirarucu alimentado com dietas deficientes em metionina são necessários para elucidar a funcionalidade deste nutriente para a espécie.

ABSTRACT For some fish species, dietary taurine supplementation has been proven necessary in feeds with considerable utilization of vegetable proteins to substitute fishmeal. Pirarucu, Arapaima gigas feeds mainly on taurine-rich animal items in nature, therefore this study aimed to evaluate the effect of dietary taurine supplementation (0, 0.5, 1, 1.5 and 3%) on the growth and blood physiological parameters of juvenile pirarucu. A commercial feed was utilized as the basal diet for the experimental diets. Three hundred fish (20.8 ± 2.3 g) were randomly distributed in 15 tanks and fed for 28 days. At the end of the trial, dietary taurine supplementation did not affect fish growth, feed consumption and feed efficiency. The original amounts of taurine (0.18%) and methionine (1.13%) in the commercial feed (0% taurine diet) apparently sufficed to promote adequate pirarucu growth, with no variation noted in the main blood physiological parameters. Further studies to assess whether taurine is conditionally essential for the pirarucu fed methionine-deficient diets are needed to elucidate the functionality of this nutrient for the studied species.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição proximal e de ácidos graxos dos músculos dorsal e ventral em pirarucus (Arapaima gigas) selvagens, capturados em um lago amazônico brasileiro. Os músculos dorsal e ventral foram dissecados, liofilizados, embalados a vácuo, e sua composição proximal e de ácidos graxos foram analisadas. Cinzas, proteínas totais e lipídeos foram inversamente proporcionais à umidade e apresentaram teores maiores no músculo ventral. Foram quantificados 27 ácidos graxos em ambos os músculos sem diferença significativa entre eles, exceto para os ácidos heneicosílico, palmitoleico, γ-linolênico e dihomo-γ-linolênico. Ácidos graxos saturados e monoinsaturados predominaram em ambos os músculos. O ácido eicosapentaenoico (EPA) e o docosahexaenoico (DHA) foram quantitativamente similares 9,25 (dorsal) a 10,14 (ventral) e 8,50 (dorsal) a 10,63 (ventral) mg g-1 do total de lipídeos, respectivamente. O conteúdo de EPA+DHA nos músculos dorsal e ventral foi 113,25 e 165,78 mg 100 g-1, respectivamente. A proporção de ácidos graxos poli-insaturados/saturados (0,54 e 0,59 para os músculos dorsal e ventral, respectivamente), n-3/n-6 (0,20 e 0,21) e hipocolesterolêmicos/hipercolesterolêmicos (1,41 e 1,45), assim como os índices de aterogenicidade (0,59 e 0,53) e trombogenicidade (1,02 e 0,94), indicam que o músculo do pirarucu pode ser considerado uma boa fonte dietética de EPA+DHA, e a qualidade nutricional de seus lipídios pode ser benéfica para a saúde humana.

Abstract: The objective of this work was to analyze the proximate and fatty acid composition of the dorsal and ventral muscles of wild pirarucu (Arapaima gigas) captured from a Brazilian Amazonian lake. Dorsal and ventral muscles were dissected out, freeze-dried, vacuum-packed, and had the proximate and fatty acid composition analyzed. Ash, total proteins, and lipids were inversely proportional to moisture and had higher levels in the ventral muscles. Twenty-seven fatty acids were quantified in both muscles without significant differences between them, except for the heneicosylic, palmitoleic, γ-linolenic, and dihomo-γ-linolenic acids. Saturated and monounsaturated fatty acids were predominant in both muscles. The eicosapentaenoic (EPA) and docosahexaenoic (DHA) acids were quantitatively similar: 9.25 (dorsal) to 10.14 (ventral) and 8.50 (dorsal) to 10.63 (ventral) mg g-1 of total lipids, respectively. The EPA+DHA content of the dorsal and ventral muscles were 113.25 and 165.78 mg 100 g-1, respectively. The ratios of polyunsaturated/saturated (0.54 and 0.59 for the dorsal and ventral muscles, respectively), n-3/n-6 (0.20 and 0.21), and hypocholesterolemic/hypercholesterolemic fatty acids (1.41 and 1.45) ratios, as well as the atherogenicity (0.59 and 0.53) and thrombogenicity (1.02 and 0.94) indices, indicate that pirarucu muscleis a good dietary source of EPA+DHA, and its nutritional lipid quality can be beneficial for human health.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da substituição de fontes de proteína animal por fontes proteicas vegetais no desempenho produtivo do Astyanax altiparanae (lambari-do-rabo-amarelo). Cinco dietas experimentais foram formuladas com níveis crescentes de substituição de proteína animal por proteína vegetal. Foi distribuído o total de 9.000 indivíduos (peso médio inicial 1,18 ± 0,12 g, comprimento médio inicial 2,1 ± 0,3 cm) em 20 tanques-rede (1 m³; 450 ind. m-3). Os tanques-rede foram aleatoriamente dispostos em um viveiro (180 m², profundidade: 1,5 m, renovação de água: 10% ao dia). Após 63 dias de cultivo, foi realizada a contagem total dos indivíduos e biometria individual de 20% de cada unidade experimental. Foram avaliados peso e comprimento médios, sobrevivência, conversão alimentar, ganho em biomassa e composição corporal. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e quatro repetições. A diminuição alcançada no custo de formulação pela inclusão de níveis crescentes de proteína de origem vegetal mais que compensou a ligeira diminuição no ganho em biomassa. Ademais, a inclusão de proteína vegetal resultou em maior deposição lipídica, sugerindo exploração futura de A. altiparanae como alimento funcional.

The aim of this study was to evaluate the effect of replacing animal protein with vegetable protein sources on the productive performance of Astyanax altiparanae (lambari-do-rabo-amarelo). Five experimental diets were formulated with increasing replacement levels of animal protein by vegetable protein. A total of 9000 individuals (initial mean weight 1.18 ± 0.12 g, initial mean length 2.1 ± 0.3 cm) were distributed in 20 net cages (1 m³) with a density of 450 ind. m-3. Cages were randomly placed in a pond (180 m², 1.5 m deep, 10% water renewal per day). After 63 days of cultivation, total count and individual biometrics from 20% of each experimental unit were taken. Mean weight, total length, survival, feed conversion, biomass weight gain and proximate body composition were evaluated. The experimental design was completely randomized with five treatments and four replications. The reduction in the formulation cost achieved by increasing levels of vegetable protein compensated the slight decrease in biomass gain. Besides that, inclusion of vegetable protein resulted in greater fat deposition, suggesting future exploration of A. altiparanae as a functional food.

This study evaluated the effects of two lipids sources of fish residue (tilapia and salmon) compared with a vegetable oil source (soybean oil) on the fatty acid profiles of male and female lambari. This experiment was developed in a completely randomized experimental design in a 3 × 2 factorial arrangement, totaling 6 treatments resulting from the combination of the three experimental diets for both sexes, with four replications for each treatment. This study involved 120 male (2.58±0.13 g) and 72 female lambari (4.00±0.09 g), fed the experimental diets twice a day until apparent satiation for a period of 60 days. Oleic, linoleic, palmitic and stearic fatty acids were found at higher concentrations in all experimental oils and diets, as well in the muscle of male and female lambari. The low amounts of arachidonic, eicosapentaenoic and docosahexaenoic acids in the experimental diets and subsequent greater concentrations in muscle tissue, suggested that lambari are able to desaturate and elongate the chain of fatty acids with 18 carbons. The fish of both sexes that received the diet with soybean oil showed high levels of n-6 fatty acids, especially of C18: 2n-6 and low levels of eicosapentaenoic and docosahexaenoic acids. The diet with salmon residue oil promoted higher levels of fatty acids of the n-3 series and resulted in the best n-3/n-6 ratio in the muscle of male and female lambari. The oils from fish residues can be a substitute for traditional fish oil and its use in the lambari diets does not impair its growth.

Neste trabalho, avaliou-se a adição de células íntegras de levedura e seus derivados em dietas para juvenis de tilápia do Nilo. Foram utilizados 144 juvenis machos de tilápia (peso médio de 52,1g) distribuídos em 12 tanques de fibra de vidro (250L), em delineamento inteiramente casualizado, composto por quatro tratamentos e três repetições. Os peixes foram alimentados ad libitum, duas vezes ao dia durante 60 dias, com dietas isoproteicas (28% PB) e isocalóricas (2.900kcal de ED kg-1) contendo levedura íntegra de cana-de-açúcar (LI), levedura autolisada (LA) e parede celular (PC) adicionados na proporção de 25% da proteína bruta total, comparadas com uma dieta controle (CO), sem adição de levedura. Não foram observadas diferenças significativas para conversão alimentar aparente e taxa de eficiência protéica. No entanto, o ganho em peso foi melhor nos peixes alimentados com as dietas LA (114,70g) e PC (131,03g), assim como em relação à taxa de crescimento específico (LA=1,79 e PC=1,93%), à proteína bruta no ganho de peso (LA=14,45 e PC=15,62%) e ao conteúdo corporal proteico (LA=14,89 e PC=15,67g 100g-1). As frações, a parede celular e a levedura autolisada de cana-de-açúcar podem ser utilizadas em dietas para juvenis de tilápia.

This study has evaluated the effect of adding dried yeast and its by-products in diets for juveniles of Nile tilapia. It was used 144 juveniles of male tilapia (average weight of 52.1g) distributed in 12 fiberglass tanks (250L), in completely randomized design, composed by 4 treatments and 3 replicates. The fish were fed ad libitum, 2 times per the day during 60 days, with isoproteic (28% CP) and isocaloric diets (2.900kcal ED kg-1) with dried yeast of sugar cane (LI), disrupted yeast cells (LA) and yeast cell wall (PC) added in the ratio of 25% of the total crude protein, compared with a control diet (CO), without yeast addition. No significant differences were observed for feed conversion and proteic efficiency rate. However, the weight gain was better in the fish fed with diets LA (114.70g) and PC (131.03g), as well as in relation to the specific growth rate (LA=1.79 and PC=1.93%), crude protein in the weight gain (LA=14.45 and PC=15.62%) and body protein content (LA=14.89 and PC=15.67g 100g-1). The by-products, cellular wall and disrupted yeast cell of sugar can be used in diets for tilapia juveniles.